sábado, 26 de fevereiro de 2011

o envelope de regressão - recebido no dia 16/02/2011

Nota da organizadora: Em meados de janeiro enviei as primeiras cinco cartas. Ao início de fevereiro recebo resposta de duas mulheres. Nestas respostas descubro que outras duas mulheres para as quais havia escrito tinham regredido pena e, logo, tinham perdido o direito ao regime semi-aberto da Penitenciária Feminina do Butantã. Uma das mulheres que foi transferida é Bruna. Uma semana depois, no dia 16/02/2011, as cartas que enviara retornam. 
Nos envelopes que retornam, alguns detalhes. Escrito a caneta, acima do destinatário, grande e claro, pode-se ver escrito a palavra "Regressão". Assim como na inscrição do carimbo sob o remetente. Para além disso, a confirmação de que todas as cartas são lidas pelas agentes antes de chegar ao destinatário. Na lateral esquerda da imagem em que se vê o destinatário, pode-se ver o corte feito a tesoura, e sobre a palavra Matrícula, o risco do grampo de grampeador. O mesmo se observa do lado direito da imagem em que se vê o remetente, na qual os dois riscos da parte de trás do grampo estão sobre o carimbo vermelho dos correios.
Por fim, só uma consideração. As cartas retornam avisando da transferência, mas não fornecem nenhuma informação ao remetente acerca de para onde seu destinatário foi. Resta ao remetente pesquisar e encontrar meios de saber com seus próprios recursos.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Relate algum acontecimento de sua vida.

A minha vida é cheia de altos e baixos, quando está tudo dando quase certo, alguma coisa vem e atrapalha, mas eu sou guerreira, então vou contar que literalmente mostra esses altos e baixos, quando eu fui presa, foi no interior, então fiquei na Comarca de Votorantim, e desde que eu cheguei lá eu queria fugir, então quando fazia 4 meses que eu estava lá, armamos uma fuga por cima, em cima do pátio tinha um alambrado não era aberto e tinha também aquelas cercas com espinhos, enfim, amarramos os lençoes e jogamos no alambrado, do chão até o alambrado tinha + ou - 6 metros, precisou de bastante lençol, então subiu a 1a menina, a 2a, e cheguei lá em cima, já estava vendo a rua, pareceu que algo muito forte me empurrou para baixo e eu perdi as forças e caí, eu desmaiei no ar, as meninas me contam que eu caí de cabeça em cima de outra companheira, até hoje eu não sei como em uma queda dessa eu só tive uma luxação no braço esquerdo, quer dizer foi Deus.

Você já se correspondeu por cartas com alguém de outra penitenciária? Se sim, como foi. Se não, você sabe como se faz para se corresponder com alguém desconhecido em outra penitenciária? O que se deve escrever no envelope?

Eu já me correspondi, no caso foi uma companheira que me arrumou; ela se correspondia, com um pessoal, e mandou o meu nome, e eu recebi cartas e mandei, quando você não conhece ninguém, você endereça a carta aos faxinas da cadeia, diz como você é, e o que quer